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20 fevereiro 2013

(Resenha) Jane Austen - Orgulho e Preconceito


Título: Orgulho e Preconceito, Edição: 1, Editora: Landmark, Ano: 2012, Páginas: 392

Na Inglaterra do final do século XVIII, as possibilidades de ascensão social eram limitadas para uma mulher sem dote. Elizabeth Bennet, de vinte anos, uma das cinco filhas de um espirituoso, mas imprudente senhor, no entanto, é um novo tipo de heroína, que não precisará de estereótipos femininos para conquistar o nobre Fitzwilliam Darcy e defender suas posições com perfeita lucidez de uma filósofa liberal da província. Lizzy é uma espécie de Cinderela esclarecida, iluminista, protofeminista. Neste livro,  Jane Austen faz também uma crítica à futilidade das mulheres na voz dessa admirável heroína — recompensada, ao final, com uma felicidade que não lhe parecia possível na classe em que nasceu.


Para quem gosta de romance de época, esse livro é uma recomendação obrigatória. As personagens são da melhor qualidade e descrição dos costumes e comportamentos são ricos de detalhes, mas Orgulho e Preconceito não é um romance água com açúcar. Elizabeth Bennet é uma mocinha totalmente contrária às princesas dos contos de fadas, ela é determinada, forte, debochada, e tem uma personalidade tão desafiadora que faz oposição direta ao comportamento aceito no século XVIII.

Mr. Darcy é o que se poderia chamar de bom partido, rico, bonito, solteiro, de família influente, tudo que qualquer mocinha poderia desejar em um candidato a marido, e tudo que qualquer família adoraria que a filha colocasse as garras em cima. Mas Darcy é bem mais do que isso, ele também é orgulhoso(no sentido pejorativo da palavra), sabe a posição que ocupa na sociedade e está acostumado a todos o paparicarem com o objetivo de tirar proveito dele. À primeira vista Mr. Darcy, com toda a arrogância que sua situação financeira permite, menospreza Elizabeth Bennet, alegando que ela não era bonita o bastante para merecer sua atenção além de ela pertencer à uma classe inferior, enorme foi sua surpresa ao perceber que ela também o menosprezava, e esse é exatamente o cerne de toda a história.

Darcy ficou intrigado com a menina que apesar de já estar passando da idade de casar, segundo os padrões da época, de modo algum se insinuou para o melhor partido da região, pelo contrário, em dado momento Darcy reconhece que está invariavelmente apaixonado por Elizabeth e cedendo aos sentimentos que ele foi educado a rejeitar lhe pede em casamento acreditando que a mocinha pobre e sem perspectiva de arrumar um casamento financeiramente satisfatório cairia de joelhos agradecendo a honra dele ter até mesmo olhado em sua direção, doce surpresa quando essa mesma mocinha lhe diz um alto e sonoro 'NÃO, eu não me casaria com o senhor mesmo que fosse o único homem na face da Terra.' Isso surpreende nosso herói que tinha plena consciência de jamais seria rejeitado, nem mesmo por famílias ricas e de prestígio, então como uma pobretona se acha em posição de  rejeitá-lo? Elizabeth não deixa por menos e justifica sua rejeição com riqueza de detalhes, desferindo suas razões como se fossem golpes de machado no peito do homem.

A cena é hilária por causa do estado de estupefação de Darcy, ele simplesmente não consegue acreditar no que está acontecendo. Demora um pouco para ele perceber que Elizabeth está falando sério sobre não querer se casar com ele, mas finalmente a ficha cai e quando isso acontece, ao invés dele ficar com raiva dela, ele acaba se apaixonando mais e correndo atrás do prejuízo para se tornar um homem que estivesse à altura dos padrões de Elizabeth Bennet.

Conforme a história se desenrola depois do frustrante pedido de casamento, Elizabeth passa a prestar mais atenção ao homem Mr. Darcy, e menos ao fidalgo, descobrindo que ele também tinha suas razões de ser como era, e que ela também se deixou levar por seus próprios preceitos e seu orgulho quando julgou tão duramente o cavalheiro. Isso faz toda a história voltar ao belo conto de fadas que todo romance deve ser.

Orgulho e Preconceito é um romance em que a história se passa no século XVIII não por que a autora era fascinada por essa época, mas porque ela viveu e o escreveu nessa época, é quase um testemunho autobiográfico, e no entanto ainda é tão atual quanto qualquer história romântica contemporânea em que a mocinha não é uma tonta sem cérebro.


10 comentários:

  1. Sou muito suspeita para falar deste livro, pq sempre que posso leio ou assisto aos filmes, mas esta é realmente uma história linda, com reviravoltas, romance, comédia e é ótima para quem desejar conhecer um pouco mais dos costumes da Inglaterra no inicio do século XIX.

    Só discordo de algo que você disse, ela não faz uma critica a futilidade feminina, apesar de também haver este tema, mas sim a condição feminina de se submeter aos padrões sociais de casamento, educação, cultura e moral da época.

    Outra coisa, use a capa do livro e não do filme, isso pode confundir o leitor.

    http://sybilspage.wordpress.com/

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    1. Meu anjo, sua crítica é muito bem vinda mas, em momento algum eu usei o termo futilidade na minha resenha, esse termo foi usado na sinopse do livro cedida pela editora. bjos

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    2. Acatei sua sugestão quanto a capa do livro, apesar das edições mais modernas usarem o poster do filme como capa.

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    1. Concordo com você, leio esse livro sempre que sinto saudades ou quando o filme demora a passar na TV.

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  3. Um romance lindo, não é a toa que mesmo após tantos anos ainda continua a ser amado por todos que tem contato. Com personagens fortes e muito bem construídos, coisas em falta em grande parte da literatura atual.

    Beijos
    Fernanda Souza
    www.leitoraincomum.com

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  4. Só vi o filme até agora, ainda não li o livro, apesar de tê-lo em e-book (minha aversão em ler em meio digital)

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  5. Eu até o exato momento só vi (e revi várias vezes) o filme. Tenho o livro em e-book, mas ainda não li. Gostei da resenha.

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  6. não gostei desse livro, achei muito ruim... a autora escreve muito complexamente kkk

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  7. Não li o livro ainda, mas já ouvi boas recomendações. Ótima resenha.

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