Título: As Esganadas, Edição: 1,
Editora: Companhia das Letras, Ano: 2011 ,
Páginas: 264
Como ator e comediante, o Jô é um grande fazedor de
tipos. Sabe como poucos construir um personagem, defini-lo com um detalhe e
dar-lhe vida com graça e inteligência. Como autor, essa sua maestria se
expande: os tipos são postos no mundo e, mais do que no mundo, numa trama — e o
seu criador (eu quase escrevi Criador, pois não deixa de ser um trabalho de
deus) se solta.
Toda a
ficção do Jô é feita de grandes personagens envolvidos em grandes tramas. Os
tipos e a trama deste livro são especialmente engenhosos e através deles o
autor nos dá um retrato saboroso do Rio de Janeiro no fim dos anos 1930 e
começo do Estado Novo — o Rio das vedetes que davam e dos políticos que
tomavam, das estrelas do rádio e das corridas de “baratinhas”. E nesse mundo em
ebulição chega uma figura portuguesa, saída de um poema do Fernando Pessoa,
para elucidar o estranho e terrível caso das gordas desaparecidas que… Mas não
vou revelar mais nada. Um dos prazeres da literatura policial é ir acompanhando
o desvendar de uma trama, levados de revelação a revelação por alguém com a
fórmula exata para nos enlevar — e enredar.
No caso do Jô, quem nos guia é um autor que já
provou seu domínio do gênero, e que aqui se supera na perfeita dosagem de
invenção, humor e erudição que nos prende desde a primeira página, desde a
epígrafe. Prepare-se para ser enlevado e enredado, portanto. E prepare-se para
outras sensações. Só posso dizer que a trama deixará você, ao mesmo tempo,
horrorizado e com fome. E que depois da sua leitura os Pastéis de Santa Clara
jamais significarão o mesmo.
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Misterioso,
bem humorado e Intrigante, porém com o final “desejoso”, é assim que consigo
descrever o livro As Esganadas de Jó Soares.
Desbancando a ideia de que o livro seria mais um
romance policial, o autor anuncia (nos primeiros capítulos) quem é o assassino
e qual é a sua motivação. Intrigando o leitor com a sagacidade do
criminoso que além de estar acima de qualquer suspeita é acometido de uma rara
doença, que só invalida o “moderno” método de busca da policia carioca.
Reunindo um delegado rabugento, um auxiliar
medroso, um inteligente ex-inspetor português e uma bela e corajosa repórter,
Jó nos faz acreditar que esse elenco bem humorado e confuso não
conseguirá descobrir e prender o assassino.
A narrativa espoe detalhes históricos do Rio de
Janeiro na década de 30, que transforma o pano de fundo em um quadro
interessante, cheio de “velhas novidades” como a corrida de automóveis no
Circuito da Gávea e a transmissão pelo rádio da derrota do Brasil para a Itália
na semifinal da Copa de 1938, na França.
Porém esse delicioso mistério cheio de
crimes brutais, com requintes de crueldade, acaba com um final que deixa um
gosto amargo de injustiça nos lábios...
Mas essa é apenas a minha opinião – recomendo essa
leitura e espero o comentário de vocês!!!
Abraços,
Oi Leticia. Eu sou fão do Jô entrevistador. O Jô escritor eu ainda não tive a curiosidade de conhecer. Mas quem sabe eu não me aventrue em conhecer. Bela resenha, Laila. Fez uma pessoa que nunca pensou em ler Jô, cogitar a ideia de ler. Beijos
ResponderExcluirEykler
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