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03 janeiro 2013

(Resenha) Jó Soares - As Esganadas

Título: As Esganadas, Edição: 1, Editora: Companhia das Letras, Ano: 2011 ,
Páginas: 264
Como ator e comediante, o Jô é um grande fazedor de tipos. Sabe como poucos construir um personagem, defini-lo com um detalhe e dar-lhe vida com graça e inteligência. Como autor, essa sua maestria se expande: os tipos são postos no mundo e, mais do que no mundo, numa trama — e o seu criador (eu quase escrevi Criador, pois não deixa de ser um trabalho de deus) se solta.
 Toda a ficção do Jô é feita de grandes personagens envolvidos em grandes tramas. Os tipos e a trama deste livro são especialmente engenhosos e através deles o autor nos dá um retrato saboroso do Rio de Janeiro no fim dos anos 1930 e começo do Estado Novo — o Rio das vedetes que davam e dos políticos que tomavam, das estrelas do rádio e das corridas de “baratinhas”. E nesse mundo em ebulição chega uma figura portuguesa, saída de um poema do Fernando Pessoa, para elucidar o estranho e terrível caso das gordas desaparecidas que… Mas não vou revelar mais nada. Um dos prazeres da literatura policial é ir acompanhando o desvendar de uma trama, levados de revelação a revelação por alguém com a fórmula exata para nos enlevar — e enredar.

No caso do Jô, quem nos guia é um autor que já provou seu domínio do gênero, e que aqui se supera na perfeita dosagem de invenção, humor e erudição que nos prende desde a primeira página, desde a epígrafe. Prepare-se para ser enlevado e enredado, portanto. E prepare-se para outras sensações. Só posso dizer que a trama deixará você, ao mesmo tempo, horrorizado e com fome. E que depois da sua leitura os Pastéis de Santa Clara jamais significarão o mesmo.
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Misterioso, bem humorado e Intrigante, porém com o final “desejoso”, é assim que consigo descrever o livro As Esganadas de Jó Soares.

Desbancando a ideia de que o livro seria mais um romance policial, o autor anuncia (nos primeiros capítulos) quem é o assassino e qual é a sua motivação. Intrigando o leitor com a sagacidade do criminoso que além de estar acima de qualquer suspeita é acometido de uma rara doença, que só invalida o “moderno” método de busca da policia carioca.
Reunindo um delegado rabugento, um auxiliar medroso, um inteligente ex-inspetor português e uma bela e corajosa repórter, Jó nos faz acreditar que esse elenco bem humorado e confuso não conseguirá descobrir e prender o assassino.
A narrativa espoe detalhes históricos do Rio de Janeiro na década de 30, que transforma o pano de fundo em um quadro interessante, cheio de “velhas novidades” como a corrida de automóveis no Circuito da Gávea e a transmissão pelo rádio da derrota do Brasil para a Itália na semifinal da Copa de 1938, na França.
Porém esse delicioso mistério cheio de crimes brutais, com requintes de crueldade, acaba com um final que deixa um gosto amargo de injustiça nos lábios...
Mas essa é apenas a minha opinião – recomendo essa leitura e espero o comentário de vocês!!!
Abraços,

Um comentário:

  1. Oi Leticia. Eu sou fão do Jô entrevistador. O Jô escritor eu ainda não tive a curiosidade de conhecer. Mas quem sabe eu não me aventrue em conhecer. Bela resenha, Laila. Fez uma pessoa que nunca pensou em ler Jô, cogitar a ideia de ler. Beijos
    Eykler
    www.aghridoce.blogspot.com.br

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