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02 outubro 2012

(Resenha) Justin Halpern - Meu pai fala cada m*rda




Autor: Justin Halpern, Editora: Sextante, Paginas: 144

Aos 28 anos, depois de ser dispensado pela namorada, Justin Halpern volta a morar com o pai, Sam Halpern, de 73 anos. Na infância, Justin morria de medo dele, tão mal-humorado, direto e desbocado que beirava a grossura.
Agora, já adulto, ele passa a admirar a mistura de franqueza e insanidade que caracteriza os comentários e a personalidade do pai, que considera "sábio como Sócrates e até mesmo profético".
Disposto a registrar a sabedoria contida nas tiradas de Sam, Justin cria uma página no Twitter para reunir suas frases malucas e observações ridículas. Em pouco tempo, os devaneios filosóficos do médico aposentado conquistam mais de um milhão de seguidores. 
O fenômeno da internet dá origem a um dos livros mais engraçados dos últimos tempos. Tomando como base as pérolas do pai, o filho recria com brilhantismo as memórias da infância e da juventude.
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Opa. Como assim?
Quando vamos escolher um livro podemos utilizar alguns critérios, claro que cada um tem o seu, mas no meu caso é porque tive alguma referência sobre ele, porque gosto do autor, pelo tema ou pela capa.
E a primeira coisa me chamou a atenção neste aqui foi exatamente a capa, tanto que num primeiro momento achei o título meio estranho, não há como negar que “pai” e “m*rda” num mesmo título parece não combinar. E não pela palavra pai, óbvio!
Ainda bem que é a curiosidade que nos move, porque comecei a ler e a entender aquele antigo ditado que diz que “não se deve julgar o livro pela capa”. E, nesse caso específico, seria desistir por não achar o termo adequado. Confesso que não foi o meu caso, não me incomodo com palavrões e queria mesmo era ver no que isso ia dar!
Bom, vamos a ele.
O livro aborda a relação de Sam (pai) e Justin (filho), sendo que o pai em questão é um senhor meio rabugento. Na capa, o próprio filho conta: “Aos 28 anos, voltei a morar na casa do meu pai. Ele tem 73 anos e é sábio como Sócrates, só que desbocado e muito mal-humorado”.
Após aceitar um emprego em San Diego e levar um chute da namorada, Justin não tem outra opção a não ser sair de Los Angeles e pedir socorro aos pais que viviam na cidade em que iria trabalhar.
Assim que pensa nessa possibilidade, ele já começa a imaginar como iria dizer isso a eles. Então, decide ter uma conversa para explicar tudo. Ele começa com o blá-blá-blá e é cortado de imediato pelo pai que diz mais ou menos o seguinte: “Tudo bem, pode parar com essa ladainha. Só peço que recolha suas tralhas e não deixe seu quarto parecendo que foi usado para uma suruba.” E, em seguida, arremata: “Ah, e sinto muito por ter perdido a namorada.” (pág. 8)
Logo de cara é possível perceber que existe algo mais nessa história. Numa simples frase o pai explica quais são as regras da casa e, ao mesmo tempo, demonstra um pouco sem jeito o amor que sente pelo filho.
E assim segue o livro. É interessante que autor nos dá um panorama de sua vida desde que era criança. Todas as vergonhas que passou por causa do pai ser tão direto e reto. Mas ele também mostra como a educação que recebeu o fez ser o homem que é.
Lá pelas tantas, por exemplo, conta um episódio que para ele foi difícil, mas que pais com filhos ou irmãos pequenos entendem muito bem. Ah, na verdade, nem precisa ter um filho para entender, pois quem já não viveu uma história mais ou menos parecida?
A família toda está almoçando e Justin, com 10 anos, recusa-se a comer o macarrão porque está cheio de ervilhas, e ele odeia ervilhas. O pai fica p... da vida e resolve fazer o seguinte: como a mãe trabalha como voluntária com famílias carentes, dali em diante eles iriam comer o mesmo que essas famílias.
Após narrar todo seu “sofrimento” ao ser obrigado a comer coisas que para ele pareciam uma gororoba, um dia o pai também se recusa a tomar uma sopa meio estranha e Justin se revolta. Como assim, só eles eram obrigados?
Então o pai explica que ele e a mãe de Justin passaram fome quando crianças, que ao dar um piti por causa de comida é como se não desse à mínima para isso. Ele entende, mas continua intrigado por que só o pai não precisa tomar a bendita sopa, já que a mãe também sabia o que significava passar fome. Daí o pai diz: “primeiro porque eu trabalho e sei o valor do dinheiro, segundo porque sua mãe é muito mais legal do que eu” (pág. 47). Espertinho, hein?
 Outra história que mostra a “doçura” do pai é quando Justin pergunta a ele o que acontece depois que a pessoa morre. Ele simplesmente responde: nada. Imagine o que é para uma criança ouvir isso. Então o filho fica dias remoendo aquilo, como nada? Não é possível! Depois do que parece ter sido uma conversa séria da mãe, o pai resolve explicar melhor as coisas. Diz que a melhor parte do infinito é que ele nunca acaba, e que nosso corpo e a energia que existe dentro dele vão para algum lugar, mesmo depois que morremos, que a gente nunca vai embora. Então, que ele se preocupasse em viver, porque morrer é a parte mais fácil! E conclui com a seguinte pérola... “agora se me der licença, vou fazer uma das melhores coisas da vida: cagar.” (pág.97)
E por aí vai. São 142 páginas onde o autor mostra como é a convivência entre eles, como esse pai, mesmo sendo rabugento, tem tanta coisa a ensinar, que ama a família do seu jeito. Por meio de suas histórias ele aborda as grandes questões da vida: medo, amigos, estudo, namoro, esporte e família. É uma lição de amizade e amor. Sem rodeios.
Como o autor é roteirista, um dia resolveu colocar as frases do pai no twitter e virou um sucesso, hoje tem mais de 1,7 milhões de seguidores. Existe também uma série de TV “&*#@ my daddy say”.
Gostaria de deixar algumas dessas frases aqui. Espero que tenham ficado curiosos, como eu, e que um dia leiam este livro. Ele não é “o” livro da minha vida, mas é leve, curto e bem escrito. Eu consegui me divertir muito e pensar sobre esse amor incondicional que pais e filhos sentem. Então espero que também se divirtam. É só deixar o pré-conceito de lado!

Sobre democracia
Vamos comer peixe no jantar... Tudo bem, vamos votar. Quem quer peixe no jantar? É, a democracia não tem muita graça quando você se ferra, não é?”
Sobre ser mentiroso
“A pior coisa que você pode ser é mentiroso. Tá, tudo bem, a pior coisa que você pode ser é nazista, mas a segunda pior é mentiroso. Nazista, um; mentiroso, dois.”
Sobre a internet
“Não quero... Entendo para que serve... Entendo, sim. E não me interessa se seus amigos têm. Todos os seus amigos também têm cortes de cabelo de idiotas, mas você não me vê correndo para o barbeiro por causa disso.”
Sobre acampar com a família
“Não, vou ficar em casa. Vocês podem tirar férias em família e eu vou tirar umas férias da família. Acreditem, assim todos nós vamos nos divertir mais.”


Daisy

3 comentários:

  1. Noossaaa que máximo, eu geralmente gosto de livros bem mais compridos, mais esse me pareceu muiiito bom... Me ganhou com as frases "...agora se me der licença, vou fazer uma das melhores coisas da vida: cagar." e “Não, vou ficar em casa. Vocês podem tirar férias em família e eu vou tirar umas férias da família. Acreditem, assim todos nós vamos nos divertir mais.” Eu ri com isso! Se tiver a oportunidade eu irei ler sim! Valeu pela dicaa! Ótima resenhaa! ^^

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  2. “A pior coisa que você pode ser é mentiroso. Tá, tudo bem, a pior coisa que você pode ser é nazista, mas a segunda pior é mentiroso. Nazista, um; mentiroso, dois.”

    Adorei essa frase,deu vontade de ler, parece um livro que nos faz rir e muito.Gente minha listinha de livros só cresce...kkkkkkkkk

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  3. A dica é boa mesmo em... É bom por que sai daquele padrão perfeitinho, e deixa a imaginação livre e nós mostra como os livros podem parecer tanto com a vida, ou a vida parecer tanto com os livros. Já quero ler.

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